domingo, 20 de novembro de 2011

O marxismo cultural




Quanto os protestantes brasileiros resolvem viver intelectualmente, logo abraçam o “marxismo cultural”. Aliás, é o Brasil, pois aqui fazer parte da elite acadêmica é ser obrigatoriamente antiamericano, multiculturalista, nietzscheziano, foucaultiano, desconstrutivista, frankfurtiano, antiocidental e linguisticamente sob a vigilância constante do politicamente correto.



Passam a julgar o mundo não por uma cosmovisão cristã, mas sim pelos olhos do filósofo alemão Karl Marx. Certa feita um proeminente professor evangélico, que estudou em uma importante universidade protestante de São Paulo, disse para mim: “Olha, eu nunca vi tantos ataques ao cristianismo como naquela universidade. Lá, tudo no mundo é culpa do cristianismo- opressão às mulheres, aos negros, o aquecimento global, o maldito capitalismo”. Logo se vê uma universidade com o nome de cristã que está coabitada pela ideologia do "politicamente correto".



Diante do marxismo cultural, até a teologia sofre de insignificância. Como o filósofo judeu Luiz Felipe Pondé escreveu: “a teologia, a louca da casa, abandonada pelos próprios teólogos que a traem, transformando-a em mera antropologia moral inconsistente” [1] Hoje em dia, você lê alguns teólogos que mais parecem àqueles sociólogos que seguem a cartilha gramsciniana.



Exemplo disso é que não raro lemos teólogos brasileiros falando em sua “alma feminina”, embainhados pelo feminismo bocó. Ainda há aqueles que querem expressar uma espiritualidade mais humana, humanizando Deus, e arrancando os Seus atributos. Logo porque, como eles aprenderam com Michel Foucault, toda autoridade é opressiva. Então, eles tentam livrar Deus de sua deidade. Humanista que é humanista, humaniza o seu cachorro e o seu deus.



Pondé, em outro texto afirmou:



Infelizmente, há muita teologia que ajuda a matar Deus. Deus me livre da teologia de vanguarda. Se, na arte, a "vanguarda" serviu pra justificar quem não sabia pintar, escrever ou fazer filmes, na teologia, serviu para fazer de Jesus um personagem de novela das oito. Nada contra a teologia, ao contrário, julgo-a uma disciplina essencial para nos ensinar a ver o invisível. Mas, como disse Heine em relação aos teólogos de sua época, "só se é traído pelos seus"... A teologia feminista diz que "a Deusa" existe para punir o patriarcalismo. A teologia bicha (Queer Theology) se pergunta: por que Jesus viveu entre rapazes, hein? Alguns latino-americanos vêem Nele um primeiro Che, hippies viam um primeiro Lennon, outros, um consultor de sucesso financeiro. Ufólogos espíritas dizem ser Ele um extraterrestre carinhoso. Prefiro o cristianismo antigo (prefiro sempre as religiões velhas). Um Deus que sente dor e morre por amor a quem não merece é um maravilhoso escândalo ético. O Cristo antigo é um clássico. [2]



Mesmo não sendo um teólogo cristão, mas um filósofo judeu, é impressionante o discernimento de Pondé diante dessas “teologias de minorias”, que nada mais são do que “ateologias humanistas”, como ele mesmo define nos seus ensaios. Apresenta mais discernimento do que essa nova classe de teólogos mergulhados no relativismo suicida. Na verdade, eles querem ser uma versão gospel do Frei Betto. Em breve rezarão com ditadores, expressando o belo humanismo.





Pois bem, faltam intelectuais de verdade, que sejam sal e luz de Cristo, e não vozes prontas para destruir o cristianismo pela suas ideias suicidas. Que sejam como C. S. Lewis, que foi filósofo, ficcionista, crítico literário e teólogo apologista. Um intelectual de peso que usou toda a sua inteligência no fortalecimento de sua fé. Lewis via o cristianismo para enxergar o resto: "Eu acredito no cristianismo como acredito que o sol nasce todo dia. Não apenas porque o vejo, mas porque através dele eu vejo tudo ao meu redor."





Referências Bibliográficas:



[1] MCGRATH, Alister. Paixão pela Verdade. 1 ed. São Paulo: Shedd Publicações, 2007. p 10-11.



[2] PONDÉ, Luiz Felipe. Do Pensamento no Deserto. 1 ed. São Paulo: Edusp, 2009. p 15-16.



[3] _______________. Deus. Folha de S. Paulo. São Paulo, 29 dez. 2008. Caderno Ilustrada. p E 8.

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